A segurança em condomínios foi manchete nas últimas semanas com a invasão do apartamento de luxo que pertence ao influenciador Carlinhos Maia, em Maceió, incidente que envolveu o roubo de pertences equivalente a R$ 5 milhões. Apesar da notícia, sabemos que o temor pela falta de segurança tem levado cada vez mais pessoas a optarem por residir em condomínios. De acordo com a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, houve um aumento significativo de pessoas que passaram a residir em condomínios, totalizando cerca de 10 milhões de apartamentos no País.
Levando em consideração que um dos principais motivos para esse crescimento seja a expectativa de proteção e a sensação de segurança, os condomínios, principalmente aqueles construídos nos últimos anos, possuem características de verdadeiros bairros, tanto pela quantidade populacional, quanto pelas estruturas que permitem a autossuficiência, dispensando cada vez mais a necessidade de exposição do morador à violência urbana. Além disso, como sabemos, a pandemia de Covid-19 potencializou as atividades home office.
Mas como garantir uma estrutura mais robusta, de fato, para a segurança dos moradores? Há diferentes desafios, como a dificuldade no controle de acesso de prestadores de serviços e visitantes; a elevação dos indicadores de furtos e roubos; a maior quantidade de circulação de veículos e os riscos de falhas em equipamentos de automação. Por outro lado, temos as questões de infraestrutura, como a ausência de um planejamento abrangente e eficaz de proteção patrimonial e gerenciamento de facilities, os projetos de tecnologia, as obras e os fornecedores de serviços, por exemplo.
Enquanto isso, os criminosos possuem um vasto repertório de táticas, dissimulando serem entregadores ou corretores e outros, igualmente audaciosos, alugam um imóvel e transitam sem despertar a atenção, praticando extorsões. Por outro lado, em alguns casos, os profissionais que deveriam garantir a segurança são praticantes da desídia, desatentos e despreparados tecnicamente, bem como sistemas eletrônicos, com objetivo de servir de subsídio para identificar e alertá-los, estão obsoletos ou desprovidos de manutenção, sendo meros objetos de decoração no contexto arquitetônico.
A administração de condomínios, por mais dedicadas e bem-intencionadas que sejam, podem desconhecer a complexidade da operação da segurança e, portanto, não dispõe de meios ou suporte técnico para atuar adequadamente no escopo da equipe ou em projeto que envolva o uso de tecnologias, criando alta dependência das empresas prestadoras dos serviços de controle de acesso e vigilância, que muitas vezes não possuem o viés de atuação do segmento condominial. Ainda são poucos os condomínios providos de um plano de gestão de segurança condominial, resultado de uma análise de riscos.
Vale citar que há casos de sucesso em que condomínios, mas isso requer um mapeamento dos riscos, estabelecem ações mitigadoras como a utilização de inteligência artificial com reconhecimento facial para controle de ingresso de moradores, visitantes e prestadores de serviços, detecção de pessoas sem autorização, central de monitoramento inteligente dotada de sistemas para alertar os operadores de monitoramento onde está o problema ou perigo, rondas de segurança com geolocalização e acompanhamento remoto e emissão de relatórios e indicadores de performance disponíveis em nuvem, resultando na melhor tomada de decisão em caso de descumprimento de normas, entre outros.
As administradoras, inclusive os Síndicos Profissionais, devem considerar também a importância da adoção e estabelecimento de Sistemas de Gestão de Continuidade de Negócios, tendo em vista a possibilidade da ausência de serviços de comunicação por internet e energia, ataques cibernéticos, greves de funcionários, suporte aos indivíduos eventualmente “presos” em elevadores, incidentes em piscinas, desinteligência, incêndio, desmoronamento, alagamentos, catástrofes naturais, entre outros impactos negativos que isso traria para os residentes.
Os desafios são dinâmicos. De todo modo, a segurança do patrimônio pode e deve ser vista como aliada, considerando a visão sistêmica, combinando os elementos e a sinergia entre eles. Todos os elementos têm como objetivo criar alicerces para que a “balança da segurança”. Se tiver que pender para algum lado que seja para dificultar a atuação de criminosos e servir na proteção à vida de filhos, maridos ou esposas e demais familiares em seus lares.