Os condomínios, principalmente os residenciais, precisam começar a pensar e debater sobre como estar preparado para realizar a recarga dos carros elétricos, uma vez que o mercado brasileiro cresce a cada dia e a previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Elétricos (Anfavea) mostra que, até 2035, 62% da frota de veículos no país poderá ser de automóveis com esse perfil.
Com isso, ao invés dos postos de combustíveis, o foco de abastecimento passa a ser por meio de um carregador instalado em casa, ou nos condomínios residenciais. Entretanto, o mercado já aponta que os prédios ainda não estão preparados para receber os pontos de carregamento.
“Esse debate gera inúmeras dúvidas nos moradores, como: quem pagará essa conta? Isso impacta no valor do condomínio? As obras que precisam ser realizadas? Todos esses temas são problemas reais”, aponta Gedaias Freire da Costa, presidente do SIPCES
Por falta de informação, muitos moradores têm medo de que a recarga de carros elétricos dentro do condomínio acabe aumentando demais a conta de energia ou até mesmo causando sobrecargas elétricas, mas não é bem assim.
A primeira coisa é entender que nem todo prédio está pronto e a depender da idade do imóvel, instalar carregadores pode ser desafiador, mas não impossível.
A implantação desse tipo de carregador deve obedecer 4 fases, sendo elas a fase de análise de disponibilidade de potência, a realização do projeto elétrico, a realização de adequação civil e elétrica e finalmente a instalação dos carregadores.
“Tem vários fatores envolvidos, não é uma instalação qualquer. A empresa contratada precisa realizar uma visita técnica, analisar o projeto elétrico do condomínio e verificar, muito bem, a demanda do local, se atentando à existência de espaço suficiente para o condomínio receber essa carga. Além disso, o administrador precisa exigir um projeto de execução, exigir ART de execução e de projeto. É claro que existem riscos envolvidos, mas se feito de forma correta e seriedade é supertranquilo”, reforça Aline Santos.
Existem duas possibilidades de instalação: no medidor do condomínio ou diretamente no medidor do condômino.
Caso seja instalado no medidor do condomínio, hoje já existem tecnologias que monitoram o consumo individual de cada morador, possibilitando acrescentar o valor de consumo da energia direto na fatura do condômino.
A decisão precisa passar por assembleia?
Toda e qualquer decisão do tipo tem que ser discutida em assembleia, ainda mais neste caso que vai representar um custo para o condomínio, ou seja, para todos os moradores. Mesmo que o prédio tenha as condições para ter um carregador instalado, mas não queira custear, o morador não pode fazer a instalação individual sem a permissão do local.
A assembleia irá determinar sobre a instalação ou não e também qual modelo e quantos pontos serão instalados, definir horário de uso (caso tenha poucos carregadores), etc.
E se a assembleia não aprovar a instalação de pontos de recarga? A sugestão de especialistas é utilizar carregadores portáteis, de menor capacidade e que, geralmente, acompanham de fábrica os veículos. Lembrando que até mesmo esses carregadores portáteis dependem de tomadas adequadas – na tensão correta e aterradas. Caso não haja uma disponível, o morador vai precisar arcar com o custo de instalação e ainda vai pagar o valor extra da energia que utilizar a mais.
O custo da instalação dos carregadores elétricos vai depender de diversos fatores. Entre os principais está a distância entre o carregador e o tipo de alimentação, o que pode fazer o preço variar.
Atualmente, o valor de um carregador doméstico varia entre R$ 6.700 e R$ 15.200, dependendo do modelo e da potência do aparelho.
Ressaltamos que, a assembleia pode autorizar o condômino interessado instalar o carregador na sua vaga de garagem, apresentando projeto e ART ou RRT, atendendo assim, a NBR 16280 e assumindo os custos desta implantação.
Vantagens
Para além do benefício ao morador que possui carro elétrico, a instalação de carregadores em condomínios pode ser muito benéfico para o imóvel, pois acaba agregando valor e provocando valorização.
Por exemplo, se o condomínio for ganhar um novo morador, e este possuir um carro elétrico, ter um ponto de carregamento no próprio condomínio pode ser um fator decisivo na hora de alugar ou comprar um apartamento no local.
Todavia, o condomínio NÃO é obrigado a instalar se não tem demandas, até pelo custo, mas se há pequena demanda, a solução é o interessado e beneficiário fazer a instalação, atendendo todas as regas acima mencionadas.